quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Parte I


Os primeiros seis meses no Colégio Professor King foi como em qualquer outro colégio de qualquer outro lugar. Havia os nerd's que estavam sempre reunidos com suas altas tecnologias e seus dialetos que somente eles entendiam, e que eram motivos de piadas entre os esportistas e musculosos (que normalmente passavam a impressão de ter mingau de aveia - ou suprimento alimentar - no lugar do cérebro), e havia também os outros alunos que eram apenas os outros alunos, daqueles que, alguns anos depois, ao encontrá-los pela rua, você o reconhece, mas não se lembra de onde e muito menos qual é o seu nome. 

Mas, para Carmen, estava tudo exatamente da forma com que ela se acostumara. Além da sua extraordinária beleza e sua legião de amigos/fãs/submissos, ela era ainda a primeira aluna de sua turma. Carmen, linda, popular e inteligente.

Porém, essa sua rotina e zona de segurança iria mudar logo na segunda semana após o término das férias de julho, e pelo ser estranho que acabara de entrar pela porta da sala de aula.

Era claro que que todos estavam segurando o riso enquanto observavam aquela figura estranha atravessar a sala rumo a última carteira após ter sido anunciada como a mais nova aluna do Terceiro Ano. Seu cabelo era armado, e Carmen poderia jurar que se encontraria dentes de pentes emaranhados entre os seus fios, eles emolduravam o seu rosto fino e com quatro espinhas enormes e pulsantes que só faziam piorar com os seus óculos com lentes marcadas por sinais de dedos e com a sua boca que mal fechava expondo os seus dentões cercados por fios metálicos.

Aquela sem dúvida havia acabado de ocupar o posto de pessoa mais feia da escola, pelo menos essa era, mais uma vez, a opinião de Carmen enquanto observava a estranha figura por cima dos ombros. A calça rosa, boca-de-sino e curta na canela que a novata usava era algo que apenas agregava a sua feiura.

Durante o passar do dia, ela se tornou a piada no Professor King, mas era tão ingênua (e os óculos embaçados diminuíam, em muito a sua visibilidade), que ela achava que todos estavam rindo para ela, dando-lhe boas vindas, e não rindo dela (Marie, a estranha). 

Quando chegou em casa, feliz da vida, disse para a mãe que os seus novos colegas eram muito mais simpáticos dos que os da escola anterior. Não importa onde estivessem agora. Mal sabia Marie que eles eram todos iguais.


Continua...

Um comentário: